Produtos ecologicamente corretos, amigáveis ao meio ambiente, estilos de vida saudáveis, energia renovável e adoção de materiais reciclados e recicláveis são termos e conceitos já conhecidos e que estão inseridos no nosso cotidiano de forma recorrente.
No setor automotivo, ao longo dos anos temos ouvido – e atuado – muito sobre emissão de CO2, combustíveis alternativos, veículos elétricos, célula de hidrogênio e materiais compósitos ecologicamente corretos.
Nos últimos meses, você deve ter percebido um novo conceito empregado por algumas empresas, que vão desde companhias aéreas até aquela do cafezinho em cápsulas, em seus sites ou e-mails de marketing: pegada de carbono.
Mas se você não sabe exatamente o que é a pegada de carbono, de onde vem, como ela acontece e o paradigma a ser enfrentado por esse novo conceito, este artigo é para você!
Se ter um carro elétrico fará de você o Super Homem ou a Mulher Maravilha da natureza, sinto decepcionar seu ego, mas existe o risco de você ser mais vilão que aquele seu vizinho que tem um carro movido à gasolina do século passado!
A pegada de carbono nada mais é do que os níveis de emissão dos gases causadores das mudanças climáticas emitidos, direta ou indiretamente, por toda e qualquer atividade humana ou durante todo o ciclo de vida de um produto.
Em outras palavras, se o seu carro elétrico de última geração não emite nenhum gás contribuinte para o efeito estufa durante sua vida útil, ele certamente gerou para ser manufaturado e irá gerar depois de descartado.
De forma simplista, podemos dizer que é a maneira de medir o impacto de uma atividade, empresa ou país no ambiente que, através desse cálculo, nos permite saber como esse “estrago” pode ser compensado através de ações de reflorestamento, por exemplo.
Este conceito de pegada de carbono, ao contrário daqui, não é novidade na Europa, onde empresas já realizam ações para neutralização de suas pegadas de carbono há, pelo menos, cinco anos.
Mas agora que esse termo parece ter desembarcado com força em terras tupiniquins, como podemos calcular nossa pegada individual?
A partir de consultas rápidas aos mecanismos de busca na internet, encontramos facilmente calculadoras de pegada de carbono a partir do nosso consumo de energia elétrica ou do uso de carros com motor à combustão movidos à combustíveis fósseis. De olho no impacto individual, a fintech Moss lançou recentemente uma calculadora que estima a liberação de dióxido de carbono em uma série de atividades do nosso cotidiano, como ligar o carro, acender uma lâmpada, comprar um produto, comer e até respirar!
O serviço da startup baseia-se em um breve questionário on-line que será usado para fornecer uma estimativa de quanto CO2 você emitiu em um ano, baseado em parâmetros definidos com base no ano de 2020.
Voltando nosso olhar para o setor automotivo, até que ponto as empresas ligadas à nova mobilidade ou à mobilidade do futuro estão realmente promovendo soluções efetivas de longo prazo para a questão do aquecimento global? Reduzir a emissão de CO2 durante o ciclo de utilização de peças e equipamentos tendo incrementado os níveis de emissão dos gases que aumentam o efeito estufa na fabricação ou no descarte, apesar do ótimo apelo de marketing imediatista, mostra-se extremamente prejudicial para o planeta!
O mesmo raciocínio vale para produtos com materiais reciclados e recicláveis. De nada adianta reduzir a emissão de gases no descarte se, na produção, eu tiver um incremento que se sobreponha ao ganho estimado.
Como podemos ver, a nova queridinha dos marqueteiros e empresas ecologicamente engajadas nos ajudou a ver melhor o que é esse imenso iceberg e o que está submerso sob a água do ecologicamente correto.
Será que tudo o que fizemos até agora e planejamos fazer no futuro próximo foi e está sendo realmente benéfico para o nosso planeta?